terça-feira, 31 de agosto de 2010

Surreal

Tenho a sensação
De voltar ao passado,
E conhecer de novo
Aventuras que se foram.

Tento consertar
Os sorrisos perdidos,
Palavras não ditas,
Pensamentos que não expressei.

Tive um déjà vu...
Posso vê-la correndo em minha direção,
Com o sorriso estampado,
E uma saudade verdadeira.

Ao mesmo tempo,
Tenho a sensação
De caminhar numa multidão,
E não saber onde quero ir

Sinto o que vai acontecer,
E não posso evitar...
Me vejo torturado pelas coisas
Que não estão ao meu favor.

Sinto uma sensação de perda,
Uma frieza em meus sentidos,
Sinto-me abandonado por meus sentimentos.

Sinto uma culpa,
Que vem e me fere,
Uma quebra de promessas
Das quais não me lembro.

Vejo passar a realidade,
Como um filme que bem conheço,
E ninguém mas acredita...

As vezes te sinto
Bem próximo,
Mas não sei
Como anda minha saúde

As vezes sinto
Como se estivéssemos bem,
E que nada aconteceu
Enquanto eu dormia.

As vezes tenho necessidade de ver a noite,
Só pra saber se ela realmente existe...

Eduardo Souza

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Para que eu esqueça...

Desejo o melhor veneno
Para matar instantâneamente
Para cegar tudo o que sente
E sem dó me arrepender

Desejo as melhores palavras
Para desmoralizar teu nome
Para trotear no telefone
E com sinceridade
Dizer que tudo é mentira

Desejo arruinar teus sonhos
Praguejar teus laços
E maldizer teus beijos
Por não serem meus

Desejo ferir teu riso
Ignorar tua fala
Esfaquear tua foto
Para que eu esqueça

Desejo a melhor arma
Para assassinar tua lembrança
E enterrar depressa
Para que eu não te procure

Desejo magoar tua alma
E queimar com calma
Para que eu possa ter certeza
De que não vives mas em mim

Eduardo Souza

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Bom dia Liberdade

Hoje é uma virtude
Ontem, um assalto
Acabei por perder a cabeça
Tento esquecer...

Tive uma noite difícil
Um sonho quase real
pessoas morrendo,
violência normal.

Mas hoje é outro dia
E o céu está lindo,
O vento suave
Os Jardins floridos.

Estou em paz com Deus
De bem com os vizinhos
É tão perfeito
Que até desconfio.

As pessoas acenam
Me desejam bom dia
E até os veículos
Passeiam em harmonia

É tão boa sensação
Que me deixa abobado,
É tão desejada
E inacreditável

Nunca estive assim,
Numa cidade tão estressante,
Tão barulhenta e
Cheia de assaltantes

Mas hoje é especial,
Esse dia é único
Nada de política
Nada de tumulto

Respiro fundo
Me sinto tão bem
Tirei folga de prisioneiro
De um vagão de trem

Um dia assim
Eu sempre quis ter
Um tempo pra mim,
Estrear a tv

Hoje é especial
E abraço a oportunidade
De dizer pela primeira vez na vida,
Bom dia liberdade

Eduardo Souza

domingo, 22 de agosto de 2010

Aura manchada


Quando ouvir teu choro
Em quietitude
Quis desaparecer
Senti o peso da culpa me esmagar
Me senti invalido por nada fazer.
Não quis demonstrar,
Mas também sofri,
Quando te ví assim
De aura manchada,
Contive minhas lágrimas
E não desejei
Em momento algum
viver...

Eduardo Souza

Coisas...


Um sonho
Um sono
Um terço de fé
O acaso e a sorte
A trégua e a morte
Pro que der e vier.
Idéias que correm assim,
Tanto como um pé de vento
Na cabeça de quem sonha
E venera um travesseiro.
Hoje ando por ver,
Uma coisa de cada vez
Quando outrora do contrário
Tropeçava ao escolher.
Enfim tomei rumo
E um copo de sorte.
Pois todos andam com sorte
Cada qual com a sua,
Burlando as regras
da morte.

Eduardo Souza

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por um tempo

Pessoas esperam por pessoas
O tempo não espera as pessoas
As pessoas esperam por um tempo
E se lamentam o tempo todo.

Espero passar a ressaca
Passando um dia no bar
Chegar em casa tranquilo
Sem ninguém a me esperar

Espero não extrapolar
Com paciência quero aguardar
Pois se eu exagerar na dose
Na estrada irei ficar

Na escola ninguém me espera
Sou sempre o ultimo a sair
Espero o sinal do recreio
Para enfim me divertir

Uns esperam a chegada
Outros aguardam a partida
Preguiçosos esperam sentados
Ter um sucesso na vida.

Eduardo Souza

domingo, 8 de agosto de 2010

Caçador de mim

Dentro de mim
vozes ecoam todo o tempo
Elas apontam direções
Que não vejo e nem sinto

Ora desejo seguir
Ora as ignoro
Ora me encontro sozinho

Tentei por muitas vezes fugir de mim
Me afastar de tudo e de todos
Mas o tempo fez com que me aproximasse
E tivesse a necessidade de saber
Quem eu era

Sou uma caixa de incertezas
Que muitas vezes expõe a certeza,
De que não sei quem sou

As vezes quero me encontrar
Mas não faço a menor idéia
De onde posso estar

Sou um caçador de mim
E também se perde
Quem tenta me ajudar

Não sei nada sobre mim
Não sei nada sobre você
Não sei nada sobre o mundo
Não sei nada sobre gastronomia

Eduardo Souza

domingo, 1 de agosto de 2010

Sem rumo

Estou sentado
Matando meu tempo
fumando um cigarro
Minha mente
Caminha sem rumo
Nas linhas do papel
Relatando tudo
O que vê pela frente.
O telefone toca
Não poderia ser você
Estou próximo
Mas não vou atender
Temo ouvir sua voz
E nada fazer
Enquanto isso
Vou estar aqui
No nevoeiro tentando
Me distrair,
Tentando te esquecer

Eduardo Souza

O tempo passou


Aqui buscando inspiração
Olhando para tudo ao redor
Papéis no chão,
Lembranças amareladas
De uma época que se foi...

Num único bar de esquina
Tomando minha dose de saudade
Esperando o tempo passar

Me olho no espelho
Meu rosto tão batido
Lentes trincadas
Aspecto vivido

Apesar de tudo
Vejo que ainda sou o mesmo
Que vivia em folia
o que levava e trazia alegria,
Mas é que hoje nem parece
...

Eduardo Souza

Chove lá fora


Está frio lá fora
Frio de noite tão chuvosa
Noite que divide seu tempo
Com o barulho do ponteiro
E as gotas na janela.
Cadeira a balançar
Com lareira a esquentar
Acompanhado de um saudável tricô
A espera de alguém chegar.
Eu que ainda menino
Chegado ao silêncio
Tímido ao falar
Me distraio com
Melódicos assobios
Deitado no sofá.
Eduardo Souza