quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Taberna dos contos

Vejo o sorriso da tripulação
Rum a bordo grita o capitão

Ouçam todos com atenção

O vento já sopra forte
E a bússola aponta ao norte

Erguer as velas,
Âncoras e sorte

Sem temer a fúria alguma
Nem as juras da morte

Grandes aventuras iremos viver
E lugares novos conhecer

Saquear grandes cidades
E pequenos vilarejos

Conquistaremos mulheres,
Ouro e respeito

Seremos os mais temidos
De todos os mares

Seremos lembrados
Por nossa coragem

Lembrados como heróis de nossa cidade
Ou talvez malditos por nossas pilhagens

Pela lábia inconfiávél
Mas pelo amor a batalhas

Pelos mais diferentes cabelos
E cores de barbas...

Cavalheiros

Quero que levantem seus copos
E brindemos a vida pirata

Eduardo Souza

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Cantigas do vento

Passeia o vento
De longe ele vem
Trazendo notícias
Das terras além.
Vem se achegando
Cheio de ginga
Movendo moinhos
Empinando as pipas.
Cínico turista
Disfarçado de brisa
Guia caravelas
E balança cortinas.
Mantém para-quedas
Faz dançar bambuzais
Dá vida aos cata-ventos
Seca as roupas nos varais.

Eduardo Souza

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vida, entre galhos e folhas..

Estava quase enlouquecendo, com tantos papéis em minha frente.
Me tornando cada vez mais cego pelo trabalho.
Aquela era minha rotina,
minha ocupação e "diversão"
Meus calmantes não mais davam conta.
Eu precisava urgentemente de umas férias...

Estava frio pela manhã,
Resolvi fazer uma caminhada.

Fui até o bosque, onde costumávamos ficar sentados em dias frios.
Fazia tempo que eu não o visitava.
Andei mais a frente, a procura da nossa árvore marcada.
Pensei que já tivesse sido cortada. mas lá estava ela, escondida todo esse tempo, entre galhos e folhagens.
Foi muito bom revê-lá. tenho boas lembranças daqui.

Lembrei de quando a gente cabulava aulas para vir aqui.
Ficávamos pendurados nos galhos de cima,
balançávamos e nos atirávamos na grama molhada.
Você roubava os biscoitos da sua tia para lancharmos a tarde.
Trazíamos também vinho e cigarros,
servia para nos encorajar a fazer as lições de matemática.
Quando não trazíamos o violão, para compor letras sem sentido.
Lembro também, de quando você sujou meu cabelo com seu esmalte,
Você ficou vermelha de tanto que ria, enquanto eu, esfregava o cabelo desesperadamente. confesso que depois achei engraçado mas, foi trabalhoso retirar-lo.
Você era sempre tão meiga e amável com a natureza,
como quando passou quase meia hora agachada, se desculpando com uma flor,
Por ter tirado pétala por pétala em uma brincadeira.

Para nós, ali não era um lugar qualquer, e sim nosso verdadeiro lar.
Era onde estávamos à-vontade.
Aquela árvore não era só uma árvore, era nossa família.
Passávamos a maior parte do tempo juntos.
Ela nos ouvia o tempo todo, sabia dos nossos segredos, era a única que não reclamava.
Talvez a única que nos entendia e nos aceitava com éramos.
Tenho saudades desse tempo...

O dia está realmente lindo hoje, fazia tempo que não me sentava aqui.
Senti o vento soprando diferente, me envolvendo como um abraço.
fechei os olhos e por um minuto,achei que você estava aqui comigo de novo,
Como antigamente. Mas era apenas o vento...

Depois que você se foi, tentei não voltar aqui
Tentei apagar tudo da minha mente, pois sua ausência estava me destruindo.

Não sabia como acreditar que, você estaria realmente viva nas expressões da natureza.
Pois eram apenas juras e promessas de dois adolescentes, que queriam que seu romance durasse...

-Mas que droga!
Por que natureza?
Por que a coisa que você mais defendia, foi tão injusta com você?
Te levou para longe, tão cedo, nem deixou que tivesse filhos.
Nem deixou que vivesse..

Talvez tenha sido por que,
você era boa demais pra viver nesse mundo tão simples...

Eduardo Souza